Eu e a Rosácea


O começo de uma Rosácea.

Olá meninas! O meu primeiro post é sobre uma doença crónica que me atacou há cerca de 5 anos e que prometeu não desaparecer. A Rosácea é um problema para muitas mulheres e, infelizmente, não há muito que possamos fazer porque não tem cura.

Vou partilhar convosco a história da minha Rosácea - como apareceu, evoluiu e como afectou a minha vida.


O meu tipo de pele antes da Rosácea.

Uma das maiores preocupações das mulheres é a sua aparência. Pois, é mesmo isso meninas!

Eu nunca tinha cuidado muito da minha aparência e sentia-me bem comigo própria. Nada de protectores solares, cremes hidratantes e também nada de maquilhagem. Mas era sortuda com a minha pele!

Tenho a sorte de ter uma pele morena, que se bronzeia facilmente e não dói se apanhar escaldão. Portanto… eu nunca dei importância a protectores solares. Sou louca, é o que estão a pensar, né? Sim, um pouco. Mas a verdade é que o meu bronzeado vinha naturalmente, sem ter de me expor muito ao sol. Depois começou a polémica do cancro da pele e, só para prevenir, comecei a usar um protector solar de baixa protecção, tipo factor 20 ou por aí.

Sempre tive uma pele oleosa mas tolerante a tudo. Em criança tinha-me sido diagnosticado acne (pele oleosa? 90% de chance de ter acne) e tinha muitos problemas com borbulhas. Felizmente, após a puberdade tudo passou e a minha cara começou a ficar mais lisinha. Uma borbullha ou outra de vez em quando (especialmente após comer o meu amado chocolate) mas tudo perfeitamente suportável.

Mas nunca pensei que um dia tudo poderia mudar no meu rosto.


Como apareceu a minha Rosácea.

Aos 24 anos, inesperadamente tive um episódio agudo horrível na cara. As minhas bochechas ficaram super vermelhas, a arder e a repuxar. Procurei encontrar uma razão mas não conseguia.

Decorria o mês de Maio mas com temperaturas horriveis acima dos 30ºC, dias muito quentes sim mas nem sequer tinha andado ao sol para justificar a vermilhidão no rosto. Durou uma semana inteira sem cessar. E calhou numa altura em que estava em entrevistas para mudar de curso. Parecia a Heidi com as suas bochechas muito rosadinhas ou até mesmo um palhaço de circo, horrível! Tentei cremes e pomadas mas nada passava. Fui ao medico de família e ele pensou que se tratava de alergia e receitou-me comprimidos. Não passou!

Na altura também começaram a surgir manchinhas pelo corpo, especialmente costas e barriga e por isso cheguei mesmo a acreditar que era alergia. Talvez tivesse sido alergia a alguma coisa porque mais tarde as manchinhas passaram mas o problema no meu rosto não passou totalmente.

Lentamente, a vermelhidão foi atenuando um pouco enquanto esperava pela minha consulta no dermatologista. E no dia da minha consulta fui diagnosticada com Rosácea.


Rosácea ou Acne Rosácea.

Rosácea e Acne Rosácea são dois termos muito semelhantes e referem-se à mesma doença. A diferença é apenas no quadro clínico e não tem cura até ao momento. Mas não desesperem meninas porque há muita forma de combater a doença, atenuar ou até mesmo disfarçar.

A doença atinge principalmente a região central da face – bochechas, nariz e testa. O quadro inicia-se por vermelhidão localizada temporária mas que depois evolui e torna-se persistente. Com a progressão da doença, especialmente se as zonas afectadas ficaram assim durante muito tempo sem qualquer tipo de tratamento, surgem também pequenos vasos sanguíneos dilatados semelhantes a teias de aranha (chamados de telangiectasias) e lesões avermelhadas crónicas. Em peles propensas a acne podem aparecer pápulas e pontos amarelos (as pústulas), sendo neste caso denominado de Acne Rosácea.

Muitos factores podem induzir ao aparecimento de rosácea:
  • Predisposição genética, hereditariedade (é uma pena meninas, mas realmente não podemos fazer nada contra a genética – ela ganha sempre!);
  • Infecções bacterianas (geralmente este quadro resolve-se após algum tempo de tratamento);
  • Stress psicológico (outro factor que não podemos fazer muito contra ele, especialmente se tivermos num quadro agudo de Rosácea);
  • Predisposição para ruborização e vermelhidão;
  • Peles claras e sensíveis (mas também afecta peles mais morenas);
  • Calor, frio, radiação ultravioleta, álcool, especiarias e comida picante, bebidas quentes, cafeína (adeus café);
  • Disfunção vascular;
  • Doenças que afectem o sistema imunitário;
  • Reacção a químicos vasoactivos (fármacos, cremes e agentes irritantes).

A evolução da minha Rosácea.

A minha Rosácea só me afecta as bochechas (por enquanto).

O dermatologista receitou-me pomadas para aplicar no rosto todos os dias – uma pomada para tratar exclusivamente a Rosácea, um creme verde para disfarçar a vermelhidão e, o mais importante, PROTECTOR SOLAR FACTOR 50 – coisa que nunca tinha usado. E é para usar TODOS OS DIAS antes de sair de casa! Irei falar de todos estes produtos mais detalhadamente num outro post.

Se a Rosácea trouxe-me algo de bom… posso dizer que graças a ela comecei a prestar mais atenção no meu rosto e corpo. Comecei a controlar involuntáriamente todos os tipos de sinais, manchas de pele e a usar cremes hidratantes. Rapidamente o protector solar tornou-se no meu maior aliado no combate a sinais e manchas na cara.

Para ser sincera, não respeitei muito o tratamento receitado para a Rosácea. Além do protector solar, os outros cremes só aplicava quando me lembrava. Até porque quando a minha Rosácea foi diagnosticada, já estava numa fase avançada de regressão e mais ou menos resolveu-se. Foi-me receitado um tratamento de laser para as zonas mais afectadas (que na altura foi dinheiro mal gasto porque os meus vasinhos não estavam assim tão visivéis) e tive alta.

Problem solved! Ou não…


Rosácea ataca de novo.

Por algum tempo esqueci-me que tinha Rosácea. Após a minha consulta no dermatologista senti-me aliviada por saber que não tinha nada muito grave e só teria de controlar a vermelhidão da cara e continuei com a minha vida normalmente como sempre tinha feito, mas desta vez com mais atenção ao protector solar no verão e aos cremes de pele.

Mas um ano depois passei por um grande período de mudança na minha vida. Tive de sair de Portugal para ir estudar em Milão, Itália e a minha Rosácea activou. Não sei ao certo o que originou a activação aguda da Rosácea mas penso que foi um grande conjunto de factores – stress, frio, ar, águas calcárias – e a minha pele odiou a mudança.

A cara voltou a ficar vermelha e teimava em não passear, mesmo que estivesse a seguir à risca o tratamento receitado pelo medico.

A cara ficou muito sensível e comecei a sentir a pele na zona afectada pela Rosácea a repuxar, o que dá uma sensação muito desagradável (embora quando olhe ao espelho não pareça diferente). A minha pele também secou e deixou de ser oleosa. Comecei a sentir que a minha medicação estava desactualizada mas não tinha qualquer hipótese de regressar a casa e ir a uma nova consulta de dermatologista para rever a minha situação.

Tive de ir controlando a vermelhidão o melhor que podia mas nunca recorri a maquilhagem. A minha pele começou a ser tão sensível que perdi a coragem de pôr outras coisas além de cremes para a Rosácea, cremes hidratantes e protector solar.

Lá fui sobrevivendo com uns dias melhores e outros piores, mas sempre com a vermelhidão presente. Testei alguns cremes hidratantes novos, que vos irei falar também em outro post.

O grande problema da vermelhidão crónica é que as telangiectasias voltaram a aparecer e desta vez muito evidentes. Para ajudar, o mês passado mudei-me para Kosice, Eslováquia e a minha Rosácea piorou ainda mais. A vermelhidão ficou pior e o meu rosto começou a manchar. Fiquei desesperada.

Até que consegui encontrar um creme que me ajudou a resolver a situação. Falarei dele num novo post. Apesar da minha cara estar um pouco melhor e menos vermelha, ela nunca deixa de estar completamente vermelha na zona das telangiectasias. E para combater isto não há pomadas, cremes nem medicamentos que resolvam.

Felizmente estou no último ano dos meus estudos e quando terminar vou voltar a casa e marcar uma nova consulta de dermatologia. Quero ver se actualizo o meu tratamento, que seguirei à risca desta vez e, muito provavelmente, irei fazer uma nova sessão de laser para tirar de novo os vasinhos visíveis da minha cara.


Mas não se assustem meninas. A minha cara não está tão mal quanto isso. Já vi na net casos bem piores que o meu mas mesmo assim não posso deixar de dizer que é incomodativo olhar todos os dias para o espelho e ver zonas vermelhas, manchinhas e vasos pelas minhas bochechas.

Rosácea é uma doença chata mas não é o fim do mundo. Quem tem Rosácea controlada pode disfarçá-la com maquilhagem também. Eu escolhi não disfarçar e não usar qualquer maquilhagem para não fazer muita pressão na minha pele que neste momento está muito sensível e reactiva.



E pronto… esta foi a história da minha Rosácea. Vou deixar os medicamentos e produtos que usei, estou a usar, e dizer o que tem resultado e o que piorou a minha situação em outro post.

Vejo-vos lá!

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